Como Aprender
Prefácio
Nas duas últimas décadas, houve uma perceptível decadência no desempenho escolar dos alunos brasileiros|1|. Isso se deve a diversos fatores, dentre os principais estão: a hiperdigitalização dos materiais pedagógicos|2| em estados mais desenvolvidos|3|, e o mais importante (que será abordado neste artigo), os próprios alunos, com seus métodos e hábitos de estudo.
Um de seus hábitos é pensar que muitas horas diárias de estudo são necessárias para tornar-se inteligente. Porém, já é provado o contrário. Os mais inteligentes passam menos tempo estudando, contudo, com mais qualidade de aprendizagem, por meio de uma simples técnica|4|. Esse fato foi corroborado por Augusto Cury quando escreveu a seguinte frase em um dos seus livros: Aprender não é fazer uma corrida de 100 metros, mas participar de uma maratona. Para participarmos dessa maratona, precisamos entender as quatro regras seguintes: quando estudar, quanto estudar, onde estudar, e como estudar. A seguir conheceremos suas respectivas definições.
Quando Estudar
Devemos estudar quando as explicações do docente ainda estão recentes na nossa memória; mais precisamente, logo após a aula. Se essa regra for desrespeitada e a sessão de estudos iniciar em outro dia (ou depois de um longo período de sono), o esforço necessário para a recordação e assimilação dos conteúdos dobrará, ou triplicará. É importante salientar que, nas situações onde somos inviabilizados de estudar logo depois da aula, precisamos aproveitar a oportunidade mais próxima (em uma biblioteca, no intervalo das aulas ou em casa), mas nunca em outro dia. Esse princípio, seguido com disciplina, previne a sobrecarga mental do estudante. Passemos à próxima regra.
Quanto Estudar
A quantidade tolerável de informações cotidianas não é universal, pois cada indivíduo possui sua distinta capacidade de memorização. No entanto, a melhor referência inicial é pouco. Cada estudante precisa descobrir a sua porção suportável de conteúdos (o seu pouco) a fim de regular seus estudos, otimizando seu aprendizado. Quando estamos sob um oceano de informações, percebemos mais tarde que só uma fração dele foi guardada. Por esse motivo, é necessário sermos seletivos ao estudar, aproveitando nosso intelecto, estudando pouco. Avancemos à terceira regra.
Onde Estudar
Considerando o silêncio e a atenção como requisitos imprescindíveis para o aprendizado, o local ideal para estudar não deve possuir fontes de distração (monitores ou telas atraentes com popups, redes sociais e joguinhos…). Elas capturam a atenção do aluno, comprometendo seu foco. A postura recomendada é sentada, de frente para uma mesa. Nunca na cama, uma vez que o organismo a familiarizará com um lugar de atividade mental. Isto desenvolverá insônia, além de relaxar excessivamente o estudante, prejudicando seu desempenho. Estas diretrizes são vitais para os que estudam especialmente em casa. Agora, entenderemos a última e também importante regra.
Como Estudar
Para obter um bom resultado, todo aluno deve buscar ouvir música durante seus estudos, pois assim, abafará ruídos externos e contribuirá para um melhor funcionamento do cérebro. As melhores músicas para essa tarefa são as instrumentais, pelo fato de não emitirem vozes nem palavras capazes de distrair o estudante no momento de sua aplicação à matéria. Não esqueçamos que essa dica só é válida fora das salas de aula, onde celulares, e seus acessórios, sejam claramente permitidos. Antes de iniciar os estudos diários, o estudante deverá revisar, em cinco minutos ou menos, os últimos conteúdos já tratados. Terminada a revisão, o aluno poderá começar seus estudos, respeitando e repetindo a seguinte cronometragem: Trinta minutos de atividade com dez minutos de descanso. Seguindo tal cronometragem, o cérebro do estudante não se exaustará demais e terá a possibilidade de recompor, na sessão de descanso, os fluídos e compostos químicos gastos no período de atividade. Neste período de atividade, o aluno deverá manuscrever — não digitar — palavras-chave dos conceitos e assuntos estudados para guardar e acessar posteriormente o conteúdo na memória com mais facilidade. Se o uso de palavras-chave for impossível devido o excesso de termos ou ideias, deve-se fazer um resumo, uma síntese dos dados, procurando minimizar as informações para facilitar sua recordação, como uma cola (contudo, que não será usada numa avaliação). Por último, uma das melhores formas de reforçar a fixação dos conhecimentos já estudados, por meio das dicas anteriores, é praticando; como disse Confúcio, o clássico pensador chinês: Se ouço, esqueço. Se vejo, entendo. Se faço, aprendo.
Encerramento
E assim, encerra-se a última das quatro regras deste método. Ao empregá-las consistentemente, qualquer aluno constatará uma melhora em sua vida intelectual. Portanto, é recomendável uma releitura deste artigo usando o próprio método de estudos que ele propõe para uma melhor fixação.
REFERÊNCIAS
|1| Vide exames do PISA.
|2| CRACE, John. Sweden says back-to-basics schooling works on paper: Schools minister Lotta Edholm moves students off digital devices and on to books and handwriting, with teachers and experts debating the pros and cons. The Guardian, 2023. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2023/sep/11/sweden-says-back-to-basics-schooling-works-on-paper. Acesso em: 15 set. 2023.
|3| AUDI, Amanda. Reconhecimento facial no Paraná impõe monitoramento de emoções em escolas: Mecanismo que reconhece expressões dos alunos reproduz racismo e apresenta fragilidades, dizem pesquisadores. Agência Pública, 2023. Disponível em: https://apublica.org/2023/10/reconhecimento-facial-no-parana-impoe-monitoramento-de-emocoes-em-escolas/. Acesso em: 07 dez. 2023.
|4| PIAZZI, Pierluigi. Aprendendo Inteligência: Manual de Instruções do Cérebro Para Estudantes em Geral. 3. ed. São Paulo: Editora Aleph, 2015. ISBN 978-8576572053.
|5| CURY, Augusto. Vá mais longe: Treine sua memória e sua inteligência. Jandira: Principis, 2021. ISBN 978-6555526929.